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pensarpiaui adere à campanha: “SOMOS TODOS JOÃO CANDIDO”

Lenio Streck lança campanha em defesa de João Cândido após nota do comandante da Marinha

Foto: Montagem pensarpiauiJoão Candido, Lênio Streck e Marcos Olsen
João Candido, Lênio Streck e Marcos Olsen

O comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, enviou carta à Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados com críticas ao projeto de lei que inclui João Cândido, o Almirante Negro, no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.

Na quarta-feira (24), a Comissão realizou uma audiência sobre o projeto, que já foi aprovado no Senado.

João Cândido Felisberto foi o líder da Revolta da Chibata, em 1910, um motim contra a aplicação de castigos físicos – como chibatadas – aos marinheiros, em sua maioria negros, por parte dos oficiais, e virou ícone da luta contra o racismo.

Em contrapartida, o jurista Lênio Streck usou as redes sociais para lançar uma campanha em defesa do marinheiro João Cândido Felisberto.

“Minha campanha: “SOMOS TODOS JOÃO CANDIDO”! Temos de mostrar indignação contra a fala do Almirante Olsen, para quem o marinheiro que se revoltou contra o uso da chibata não deve ser considerado herói. Viva João Cândido!! Espalhem”, escreveu Streck na rede social X, antigo Twitter. 

A Revolta da Chibata foi um movimento de insurreição ocorrido em 1910, protagonizado por marinheiros da Marinha do Brasil. O evento teve lugar no Rio de Janeiro, então capital do Brasil, entre os dias 22 e 26 de novembro. O líder mais conhecido dessa revolta foi João Cândido Felisberto, apelidado de "Almirante Negro".

Os marinheiros rebelaram-se contra as condições desumanas a que estavam submetidos, especialmente o uso de castigos corporais, como a chibata, que ainda eram práticas comuns e sancionadas pela legislação naval da época. Naquele período, a Marinha brasileira estava passando por um processo de modernização, adquirindo novos navios e equipamentos, porém, as condições de vida e a disciplina nas embarcações mantinham-se arcaicas e severas.

Durante a revolta, os marinheiros tomaram controle de quatro navios de guerra: Minas Geraes, São Paulo, Bahia e Deodoro, e ameaçaram bombardear a cidade do Rio de Janeiro se suas demandas por melhores condições de trabalho e a abolição dos castigos físicos não fossem atendidas.

O governo brasileiro, presidido por Hermes da Fonseca, inicialmente tentou negociar, prometendo anistia e a suspensão dos castigos. Os marinheiros desocuparam os navios após o governo se comprometer com essas reformas. No entanto, embora a revolta tenha resultado na proibição do uso da chibata, muitos dos líderes e participantes sofreram perseguições e represálias nos anos subsequentes. João Cândido, por exemplo, foi preso e internado em um hospital psiquiátrico, sofrendo por muitos anos as consequências de sua liderança na revolta.

A história de João Candido inspirou a música O mestre-sala dos mares, de João Bosco e Aldir Blanc e, em 2024, foi tema do desfile da escola de samba do Rio de Janeiro Paraíso do Tuiuti. Em 2019, Cândido foi reconhecido como herói do estado do Rio de Janeiro.

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